Ganho a vida com aulas de literatura. Moro em Fortaleza. Penso na minha escrita para este blogue não como explicação ou ensinamento sobre as obras em debate, mas como tentativa de aprendizado, gesto de escuta. Às vezes me aventuro a escrever e publicar ficções em verso e prosa.
Um bairro, cada vez mais abandonado, onde os poucos moradores restantes anotam hábitos, confirmações, conversas conhecidas, repetecos, como que insistindo em dizer hoje os minérios de antigamente, sem poder ou querer trafegar o tropeço, enquanto uma ou um deles
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escreve sobre a ponte e seu futuro mergulho ornamental, deixa a ponte virar rio, esse currau que, quanto mais se percorre, maior se torna, alguma brecha da cerca foi promovida a porta de saída com o espírito de uma pequena calvície,
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escreve este bairro de outros, o meu nome do lado de fora (onde uma voz interrompe calada encontros marcados sem se dissolver na cara fechada dessa água),
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escreve, aliás, o fato de aquelas palavras, raramente reunidas num mesmo frasco (erros que nunca souberam viver juntos), pouco visitarem por n motivos os membros restantes da vizinhança ou de outro lugar do mundo e isso quem sabe vai significar por enquanto que alguma frase escavada por aqui, provavelmente incolor, de sabor desconhecido, não desista do jejum que lhe obrigam e só termine depois do ponto final, ou sem tanta pressa.