Acervo pessoal.
a vida me passou a limpo
óbvio desautorizada
um mofo maroto embaixo da pele em nome do
aperto que tanta gente como eu digitaliza digitalizou
brindo aos meus passos quebradiços minha
insônia esperta impaciente dançando com a taça de vidro sobre o crânio
ou antes
sobre o cabelo envolvente e emaranhado
(“linhas emaranhadas são mais urgentes que se paralelas”, disse)
até que ela, a taça, caia e quebre e
vezes vezes é mesmo tão bonito viver ainda
(enquanto predadores variados se amarguram mais fácil
quando ou nem quando tudo se transforma em
merda ao menor toque)
vou chamar de destino
na falta de utensílio melhor
o motivo que me acolhe me atravessa
apontado pro meu corpo
os pés sobem e descem
sinuosa sobrevivência
homenageada por menos palavras senão
obrigada a mim
obrigada à turma
e obrigada
também
a ninguém
Foto da garota Alice, registrada e autorizada por sua mãe, Lara